sexta-feira, novembro 12, 2010

Pequeno Pesquisador - 4º trimestre 2010 - Heróis da Fé Reformistas

ARAUTOS DA VERDADE NO
MOVIMENTO DE REFORMA NO BRASIL
 Baseado nos livros: “A História dos Adventistas do Sétimo Dia - Movimento de Reforma” e “Meu Povo, Minha Vida”.

André Lavrik

Nascido a 2 de setembro de 1902, de família tradicional e rigorosamente católico-ortodoxa. Quando a mensagem do advento chegou à região em que os Lavrik habitavam, ele, a mãe e dois irmãos dele  aceitaram e se tornaram parte de um grupo de crentes adventistas. Pouco depois, chegaram os missionários do movimento de Reforma. A maioria daquela congregação adventista aceitou a mensagem com alegria. Entre 1919 e 1920, André, a mãe e dois irmãos tomaram posição ao lado da Reforma.

O irmão Lavrik foi um missionário fervoroso desde que aceitou a verdade. Enquanto estava na Europa, de 1922 a 1924, foi colportor, auxiliar de obreiro e obreiro bíblico. Conduziu almas a Cristo na Bessarábia, Romênia e, por breve período, na Tchecoslováquia.

Quando o irmão Lavrik alcançou a maioridade de 21 anos foi convocado para servir a pátria e teve que enfrentar o problema do serviço militar.  Ele foi encarcerado e horrivelmente maltratado por recusar-se a prestar serviço no sábado e fazer exercícios com armas. Lá era obrigatório o trabalho no sábado, porém, ele não trabalhou sob circunstância alguma, sendo, em conseqüência disso, tremendamente maltratado. Certa vez quebraram-lhe um dedo que ficou defeituoso para sempre.

Quando ainda estava preso, próximo à data do aniversário da filha do rei Nicolau, esta pediu ao pai, como presente, a liberdade de todos os presos por um mês. Aproveitando a oportunidade, o irmão Lavrik foi ao consulado russo e conseguiu passaporte para viajar ao Brasil. Embarcou, a 8 de novembro de 1924, com destino ao Rio de Janeiro.

O Brasil estava se recuperando da revolução que ocorrera no mesmo ano. A vida era difícil, com grande desemprego. Ele não tinha aqui amigos nem parentes, tampouco um endereço de pessoa recomendada a quem pudesse dirigir-se. Demais, não conhecia a língua, nem tinha dinheiro. Mas Deus não desampara aqueles que nEle confiam. Conseguiu trabalho e em pouco tempo pagou o empréstimo feito em seu país para custear sua viagem de navio para o Brasil.

Chegando a São Paulo, estabeleceu-se no bairro do Brás. Manteve contato com os irmãos da Alemanha, Romênia, Tchecoslováquia, Estônia, Ioguslávia, Polônia e demais imigrantes que estavam chegando da Europa e que se interessavam em conhecer a mensagem do Movimento de Reforma.

Em 1925 soube que o Movimento de Reforma organizara-se. Recebeu os Princípios de Fé e a revista “A Verdade Sobre o Movimento de Reforma” que haviam sido publicados.

O irmão Lavrik empenhou-se muito em visitar e dar estudos às famílias interessadas que residiam em São Paulo e logo pode estabelecer uma pequena congregação com membros das famílias Devai e Cecan. Ao saber de interessados em estados do sul e interior de São Paulo, passou a fazer viagens missionárias. Para sustentar-se e pagar as despesas de viagens, ele trabalhava como sapateiro. Seu trabalho abnegado rendeu muitas almas para a verdade e a Obra cresceu.

Em 20 de fevereiro de 1928 foi ordenado ao ministério e tornou-se o responsável pela obra no Brasil.
Em 6 de maio de 1931 casou-se com Selma Schelske.

Com o alvo de estabelecer o início da colportagem, o irmão Lavrik estendia seu expediente até tarde da noite (quando não estava em visitas e estudos), traduzindo publicações do alemão para o português. Sua esposa levava a literatura para os colportores, a pé, até a agencia do correio.

O irmão Lavrik serviu a obra no Brasil até 1959, quando se mudou para os EUA, onde assumiu a responsabilidade de presidente da Conferência Geral. Em 1963 foi eleito secretário regional para a Europa.

Enquanto visitava nosso povo na Alemanha Oriental num dia de rigoroso inverno, em dezembro de 1966, o irmão Lavrik percebeu que estava com problema cardíaco. Embora não pudesse dar continuidade ao serviço ativo, a mente estava sempre na Obra. Passou os últimos dias perto da sede da Conferência Geral. Quase diariamente ia visitá-la para perguntar sobre o progresso da Obra em todo o  mundo. Demonstrava interesse em cada União, Campo e Missão. Muitas vezes mencionava nomes de ministros, obreiros, colportores e membros leigos. Perguntava como estavam passando. Para ele a maior alegria era saber que, aqui e ali, havia novos conversos à verdade. Sempre falava com o novo Presidente da Conferência Geral, animando-o a olhar para cima e depor inteira confiança no Senhor. Dizia: “Com o auxílio divino, todas as dificuldades serão vencidas e a Obra de Deus triunfará.”

O irmão Lavrik dormiu no Senhor em 5 de outubro de 1976. Foi sepultado em Vineland, New Jersey, EUA. Deixou esposa e quatro filhos. A irmã Selma foi de grande ajuda ao esposo na Obra. Foi constante fonte de encorajamento para muitos irmãos e irmãs. Faleceu em 1992.  





André Cecan

Nasceu em 20 de outubro de 1908, na Moldávia, que na época pertencia à Rússia. De origem católica, aos catorze anos tornou-se observador do sábado através do estudo da Bíblia e visitas de missionários reformistas em 1922. Pouco depois aprendeu sobre o vegetarianismo e abandonou o uso da carne.

Os adventistas fiéis, que permaneceram firmes durante o período da guerra e que foram excluídos por causa de sua posição, entendiam que havia a necessidade de uma reforma dentro da igreja e fizeram muitas tentativas nesse sentido. Houve muitos debates à respeito de assuntos como a reforma de saúde, quarto, sexto e sétimo mandamentos mas não se chegou a acordo algum.  Isto ocorreu em vários países e em ocasiões diferentes.   Os líderes da igreja não se propuseram a promover uma reforma e a decisão tomada foi de que todos os membros que tivessem idéias reformadoras deveriam ser excluídos da comunhão adventista. Estes já totalizavam o número de quatro mil irmãos, dos quais muitos haviam sido presos, torturados ou perdido familiares por manterem-se firmes aos princípios. Alguns dos principais reformistas de diversos países reuniram-se em uma assembléia com delegados representando quatro uniões. Isso aconteceu em Gotha, Alemanha, de 14 a 29 de julho de 1925, quando o Movimento de Reforma foi oficialmente organizado. 

Pouco antes da organização da igreja, a família do irmão André Cecan chegou ao Brasil, já com o endereço do irmão Lavrik em mãos, o qual lhes deu conduziu ao bairro da Móoca, onde passaram a residir.

O irmão Lavrik estudou com os Cecan e também com a família Devai, húngaros que chegaram ao Brasil antes dos Cecan. Desse trabalho resultou o batismo do irmão André Cecan e seu pai em 5 de novembro de 1927. Nesse mesmo dia, sete membros da família Devai foram recebidos por voto e foi organizado o primeiro grupo de reformistas.

Quando os Devai ainda eram apenas interessados, o irmão André foi convidado para assistir ao casamento de Ana Szabo e Jorge Devai, que eram membros da Igreja Adventista. O oficiante foi o pastor José Amador dos Reis, primeiro ministro adventista brasileiro. Após a cerimônia foi servida uma refeição com alimentos cárneos e por isso o irmão André não se sentou à mesa. Logo todos perceberam que era reformista. O pastor então, pesaroso, disse-lhe que por não comer carne o irmão André se tornaria fraco e morreria cedo, provavelmente de tuberculose. O curioso é que o referido pastor veio falecer não muito tempo depois, aos 43 anos, de tuberculose.

Numa conferência em 1930 foi feito um apelo para a colportagem e o irmão André e o irmão Jorge Devai Filho se candidataram ao trabalho, tornando-se os primeiros colportores reformistas no Brasil.

O irmão André colportou na região de São Paulo e depois no Rio Grande do Sul, de onde foi chamado para trabalhar no Rio de Janeiro, em 1936, como obreiro bíblico. Seu trabalho fez crescer grandemente a Obra nas regiões do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Espírito Santo. O irmão André atendia a todos os interessados dessa vasta região.

Com pouco mais de trinta aos foi ordenado ao ministério, ainda solteiro, em 1943. Em 7 de julho de 1946, casou-se com a irmã Neusa Monteiro, a qual colaborou grandemente para o avançamento da causa. Moravam em uma casa simples e pequena, mas ali acolhiam sempre muito bem os visitantes. Na varanda aplicavam tratamentos naturais. Dessa união resultaram cinco filhos.

No Rio de Janeiro, além do atendimento às almas, o irmão André esforçou-se grandemente até que a construção da igreja de Cascadura estivesse pronta. Foi responsável também pela construção da primeira igreja em Londrina, trabalhou arduamente em Curitiba e no Distrito Federal, onde  lutou   até que conseguiu uma grande área e construiu a igreja na Asa Norte, inaugurada em fevereiro de 1973.  Foi presidente da Associação São Paulo-Goiás– Mato Grosso e, mesmo depois de aposentado, participou da obra de evangelização em Rondônia, Acre e Mato Grosso.

Certa ocasião voltou à Rússia, onde encontrou sua família, para quem pregou insistentemente a verdade. Depois de sua chegada ao Brasil, recebeu uma carta de sua irmã com a notícia de que ela e uma filha haviam aceito a mensagem.

O irmão André gostava muito da melodia de um hino que ele conhecia em russo. Como a mensagem sobre os cento e quarenta e quatro mil o impressionava muito, ele fez uma letra sobre esse assunto para aquela melodia e, com a ajuda de um amigo músico, adaptou a letra à métrica. Este hino está no  hinário “Louvores ao Rei” e se chama “Os Cento e Quarenta e Quatro Mil”.

O irmão André descansou no Senhor em 03 de setembro de 1993, aos 84 anos, firme na fé e certo da salvação em Cristo Jesus.


PAULO TULEU

O irmão Paulo Tuleu nasceu em Arad, na Romenia em 11/04/1918. Seus pais, João Tuleu e Anna Sutea Tuleu tiveram três filhos, além dele: Tabita, Pedro e José. Ele foi batizado em 1934 durante o rigoroso inverno Europeu. Não se sabe o nome do pastor oficiante mas sabe-se que tinha 80 anos de idade e que foi necessário perfurar uma camada de gelo para encontrar água para o batismo. O pastor, para animar o irmão Paulo lhe disse: “Se o coração estiver quente, o gelo não vai impedi-lo de ser batizado”. Em 1936 participou da 1ª escola missionária da Reforma, na Suiça e em 1937 mudou-se para o Brasil. Três meses depois da chegada ao país livre, ingressou na colportagem.

Atendendo ao apelo de uma família reformista que havia se mudado para Goiânia, o irmão Paulo Tuleu  e o irmão Souza se apresentaram como voluntários para colportar em Goiás. Passavam grande parte do tempo trabalhando na zona rural, onde enfrentavam condições árduas: longas distâncias em caminhos estreitos, difíceis, na selva, muitas vezes sem pontes. Transportavam livros e a maior parte da bagagem sobre um cavalo que, instintivamente, os conduzia às casas em lugares cobertos de vegetação, sem vestígios de caminho, onde ninguém podia imaginar que existissem habitantes. Assim, fizeram muitos contatos e houve diversas conversões. Apesar de todas as dificuldades, inclusive contraindo malária (que foi curada apenas com tratamentos naturais), o irmão Tuleu foi fervoroso em seus esforços e seu trabalho contribuiu para o início da Obra naquele estado, onde hoje temos muitas igrejas, grupos e membros isolados.
 Casou-se com a irmã Doraci Silva em 05/06/1944. Tiveram quatro filhos Samuel, Rubem, Silvia e Ruth. Em 1945 o irmão Tuleu foi ordenado ao ministério, pelo irmão Lavrik e, desde então, cumpriu deveres ministeriais em diversos campos no Brasil: São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás. Também se dedicou à Obra no Uruguai, Chile, República Dominicana, e alguns países europeus. Falava perfeitamente Húngaro, Romeno. Alemão. Inglês, Espanhol, Português Italiano. Por isso, pode colaborar com a Obra em tantos países diferentes.

Após  aposentar-se foi Conselheiro da União e membro do Conselho da Conferência Geral até sua saúde declinar. Residiu nos seus últimos anos na sua chácara em Salesópolis, São Paulo, aonde organizou um grupo em sua casa, que resultou em alguns batismos.

Faleceu em março de 2002.





DESIDÉRIO DEVAI

Nasceu em 30 de dezembro de 1914, em Kolozsvar, região da Hungria que, no fim da Primeira Guerra Mundial, foi cedida à Romênia. A família Devai chegou a São Paulo pouco antes do irmão Lavrik. Desidério tinha apenas doze anos quando, em 1927, a Obra foi organizada em São Paulo. Alguns anos depois foi batizado e começou a colportar. Como colportor, fez grandes experiências missionárias e assim, tornou-se obreiro da causa no nordeste do Brasil, em 1940. Seus dedicados esforços acrescentaram muitas almas à Verdade e a Obra teve grande desenvolvimento.

Depoimento de sua filha Raquel Luup Devay:
“Quando pensou em casar-se, usava suas irmãs como “detetives”. Perguntava das moças em geral e em todas elas punham defeitos. Quando perguntou da Maria Luup elas falaram: “Essa não tem defeito”. Conversou com ela, ao lado de uma amiga dizendo: “Se for da vontade de Deus que nossos caminhos sejam juntos, vou viajar para o Nordeste para colportar e no ano que vem volto para casarmos”. Era o ano de 1941. Porém por causa da 2ª guerra mundial, só conseguiu voltar e casar-se em 22/05/1945. Após casados foram trabalhar juntos no Nordeste onde ficaram por 20 anos. As pessoas de lá lembram-se dele com muito carinho, pois ele era muito dedicado e um verdadeiro “pai” de todos.

Em 1960 foi para Curitiba, onde junto com o primo Jorge Devai e o sobrinho José Devai e outros, construiu a igreja da rua David Carneiro. Enquanto estava construindo a igreja durante o dia, ia “formulando” na mente as cartas para os membros das cidades da Associação Paranaense, cartas que escrevia nas madrugadas. Depois foi trabalhar na União Andina sem levar a família porque a Irma Maria Luup não podia entrar por ser de  nacionalidade russa. Trabalhou no Peru, Equador, Colômbia e Venezuela (de 1966 a 1976). Voltou de lá sofrendo dos pulmões. Trabalhou em Brasília também. Depois voltou para São Paulo onde ficou internado por várias vezes vindo a falecer com pleurisia em março de 1983. Teve três filhos:  Raquel, Desidério e  um, que faleceu logo em seguida de nascer.    Seus filhos atualmente residem em São Paulo e são membros da Igreja de Artur Alvim . Sempre foi um pai amoroso e onde trabalhou deixou muito boas recordações.”
O irmão Desidério Devai destacou-se por ser um obreiro laborioso, sempre disposto a grandes sacrifícios e a sofrimentos em favor da salvação de almas. Por todos os campos por onde passou deixou a marca de bondade, paciência e amor. Foi um grande responsável pelo desenvolvimento da Obra no Brasil e países andinos. Um grande exemplo a seguir.  







Nenhum comentário:

Que bom que você veio!

Volte Sempre!